Desenvolvimento Cognitivo – Jean Piaget



Piaget ao longo da sua vida, para além de muitas outras coisas, formulou um modelo que, segundo ele, explica o desenvolvimento cognitivo do ser humano ao longo dos primeiros anos da sua vida.
Piaget defende uma posição construtivista/interaccionista: as estruturas do pensamento são produto de uma construção contínua do sujeito que age e interage com o meio, tendo um papel activo no seu próprio desenvolvimento cognitivo.

Esta nova ideologia de Piaget pretendia colocar de parte a ideia de que a adolescência da criança era igual à do adulto. Para Piaget a inteligência de cada um e as suas capacidades intelectuais desenvolvem-se de acordo com várias etapas (4 estádios/ etapas) e também devido a estímulos oriundos da influência do meio.

Passo então a apresentar os 4 estádios definidos por Piaget:

1.       Estádio Sensório-motor -> desde o nascimento até aos 18 meses/ 2 anos;
2.       Estádio Pré-operatório -> desde os 2 anos até aos 6/ 7 anos;
3.       Estádio das operações concretas -> desde os 6/7 anos até aos 11/ 12 anos;
4.       Estádio das operações formais -> a partir dos 11/ 12 anos;


Como podemos observar estas fases estão sequenciadas por períodos lógicos definidos por Piaget, o que significa que para chegarmos a um estádio temos de passar pelos estádios que o antecedem.
A primeira fase/ estádio caracteriza-se por:

     - Inteligência prática, baseada nas sensações e nos movimentos (o mundo que existe para o bebé é apenas aquele que ele vê, ouve ou sente e sobre o qual age);
        - A partir dos 8 meses: adquire a noção de permanência do objecto (existem objectos independentemente de os estar a percepcionar);
     - Progressivamente, vai sendo capaz de agir intencionalmente, de modo cada vez mais coordenado, para obter o fim pretendido (ex.: obter um objecto), utilizando, para tal, não só a acção do próprio corpo, como fazia anteriormente, mas também outros objectos;
   - No final deste estádio: surge a capacidade de representação mental e de simbolização (representação mentalmente não só a permanência do objecto, mas também as relações que se estabelecem entre os objectos); a inteligência centrada na acção dá lugar ao pensamento (representação mental) - o pensamento é acção interiorizada.



O período Pré-operatório por sua vez tem como características:


 - Domínio da linguagem;
   - Animismo, finalismo e antropocentrismo/egocentrismo, isto é, os objetos são percebidos como tendo intenções de afetar a vida da criança e dos outros seres humanos;
   - Brincadeiras individualizadas, limitação em se colocar no lugar dos outros;
   . Possibilidade da moral da obediência, isto é, que o certo e o errado é aquilo que dizem os adultos;
   - Coordenação motora fina.
Já na terceira fase (operações concretas) é de salientar o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior dá lugar à emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem ) e de integrá-los de modo lógico e coerente (Rappaport, op.cit.). Um outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física).

Na quarta e última etapa do ponto de vista da capacidade de pensar, o pensamento não se restringe apensas a saber o objecto mas a pensar o objecto, isto acontece quando objecto é apreendido e faz parte do pensamento. Há uma evolução no uso da lógica dedutiva e indutiva. Ganhasse também a capacidade de se testar todas as hipóteses para se chegar a uma conclusão – raciocínio indutivo.

De salientar ainda os fatores que Piaget considera importantes no desenvolvimento do ser humano: o genótipo e o fenótipo, ou seja, fatores hereditários e a influência do meio.

Na transmissão do conhecimento do adulto ou meio para a criança (na aprendizagem) estão presentes 3 conceitos:
                                                                   Assimilação;
  Acomodação;
  Equilibração;

A assimilação é processo adaptativo que consiste em incorporar novas informações nos esquemas existentes. Por outras palavras a criança, quando presente a novas experiências, tenta adaptar esses estímulos a outras experiências passadas, fazendo assim uma assimilação.~«

Definição segundo Piaget “...uma integração nas estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação” (PIAGET, 1996, p. 13).


Por exemplo, quando uma criança apenas conhece a fruta “banana” e vai ao mercado com os pais e vê uma espiga de milho diz “mãe olha uma banana”, pois assimilou o milho ao fruto que conhece como banana.

Aqui entra também a acomodação quando a mãe diz ao filho “não é uma banana, é milho”. Assim a criança está a mudar um esquema/ processo mental já existente.

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